sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

O espírito do Natal

Este ano, não sei bem porquê, estou muito "fora" do Natal e do espírito do dito.
Este ano, não sei bem porquê, não me apetece o Natal.
Este ano, não sei bem porquê, apetecia-me adormecer hoje e acordar no dia 02 de Janeiro.


sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Jesus Cristo bebia cerveja - o melhor de 2012

Sou grande apreciadora de literatura nacional. Gosto de clássicos e sou fã incondicional de Mário de Carvalho e de Lobo Antunes. Tenho as minhas birras e antipatias, em especial por Saramago. Normal!

Dediquei-me ultimamente à chamada "nova geração" de escritores portugueses. Li recentemente Valter Hugo Mãe, Gonçalo M Tavares, José Luis Peixoto, Raquel Ochoa e Afonso Cruz. A normalidade continua... amores e ódios imediatos. Gostei de ler e conhecer a Raquel; odiei imediatamente Gonçalo M Tavares (não consigo sinceramente perceber o que vêem nos seus livros); gostei muito de Valter Hugo Mãe e José Luis Peixoto e... ADOREI Afonso Cruz. Foi imediato!

O "Jesus Cristo bebia cerveja" é um milagre! Fantástica a imensa imaginação deste autor. Fiquei extasiada com a história, as personagens e os pequenos pormenores ao longo do livro. A história da alentejana Rosa é o mote do livro, ou talvez não. Foi impressionante o quanto me perdi de rir com alguns factos e personagens, todas elas muito bem caracterizadas e descritas. Todas elas fazem sentido e todas elas fazem falta ao livro. São tão boas que doem. Fiquei fã do Padre Teves e das suas chibatadas :-)
Outra coisa que me deixou agarradinha ao livro foi o sabor e sentir alentejano que há nele. O Alentejo está em todo o livro, sem estar descrito explicitamente. O "meu" Alentejo vive neste livro, nas expressões, nas personagens, em pequenos gestos, em tudo tudo. E o mais curioso é que não é sobre o Alentejo... ou será que é?
A tragédia e o cómico inundam o livro junto com a consciência politica e a contemplação. Como é possível juntar tudo no mesmo livro? Estou cheia de inveja do Afonso Cruz que escreve coisas fantásticas de um modo soberbo. 

Algumas passagens são encantadoras:

"As flores do campo são baratas, as das lojas são excêntricas, caras. Mas menos felizes, pois vivem em vasos."

"De cada vez que deixamos de ser percebidos, morremos."

"Gosta da música, que é a mesma coisa que ouvir geometria."

"A sabedoria vem com a idade, com a velhice, e suspeito que nos come os órgãos pois quanto mais sabemos das coisas, mais o fígado se queixa, mais os rins têm insuficiência, mais o coração pára. A sabedoria come tudo."

"A dentadura dentro do copo de água mostra o trabalho da morte, como ele é contínuo e não algo que acontece de repente. Os dentes já morreram todos, diz o copo de água com um sorriso lá dentro."


Brilhante livro! 5*****
Afonso Cruz já está na minha lista de "A NÃO PERDER NUNCA"

http://afonso-cruz.blogspot.pt/