sexta-feira, 23 de junho de 2023

Natália Correia = 100-30 (5)

Sobe o pano

 

Onde se solta o estrangulado grito

Humaniza-se a vida e sobe o pano.

Chegam aparições dóceis ao rito

Vindas do fosso mais fundo do humano.

 

Ilumina-se a cena e é soberano,

no palco, o real oculto no conflito.

É tragédia? É comédia? É, por engano,

O sequestro de um deus num barro aflito?

 

É o teatro: a magia que descobre

O rosto que a cara do homem cobre;

E refletidos no teu espelho – o ator –

 

Os teus fantasmas levam-te para onde

O tempo puro que te corresponde

Entre horas ardidas está em flor.

 

NATÁLIA CORREIA

(soneto para as comemorações do Dia Mundial do Teatro de 1993)

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